sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

...mais um pouco... circuito de lubrificação

Conforme o que escrevi anteriormente, se o retentor que fica na ponta do eixo balanceiro (lado esquerdo) estiver danificado, o bafo de óleo passa direto, sem ser pelo separador centrifugo. Isto é bem comum, muitos proprietários de XTs reclamam do acumulo excessivo de óleo na caixa do filtro de ar.

Pesquisando, vi que muitos tentam resolver isto definitivamente e com mais segurança, trocando o retentor e adicionando / substituindo o rolamento por um com blindagem. Desta forma ficariam duas vedações em série, ou seja, na teoria, se uma falhar, ainda tem a outra.

Levantei então dados sobre as vedações de rolamentos com especialistas e obtive algumas explicações e também conclui algumas coisas (lá vem a "divagação"...):

Os rolamentos do motor são lubrificados com óleo, seja por passagem ou seja por névoa. Teoricamente, nenhum destes rolamentos deveriam ser blindados, por este motivo.
Elas (as vedações ou blindagens) são definidas levando-se em conta a velocidade periférica, tipo de lubrificante, e temperatura (para o caso desta aplicação).

Normalmente as “rolamenteiras” tem três tipos básicos de vedação incorporadas ao rolamento (vedadores) de esfera rígido. Abaixo os sufixos são da SKF, para outras marcas podem ser ligeiramente diferentes (as letras) mas os manuais explicam:
- placa de proteção (sufixo Z) –folga grande entre anel interno e placa de proteção, normalmente metálica.
- placa de vedação de baixo atrito (sufixo RZ ou RU)- folga mínima, feito em borracha sintética reforçada com chapa metálica, mais eficiente com relação a tipo “Z” com relação a vedação, suportam as mesmas velocidades e operam até 120° C
- placa de vedação tipo contato (sufixo RS1 ou RD) – semelhante a um retentor, o lábio da vedação exerce uma leve pressão sobre o anel, feito em borracha sintética reforçada com chapa metálica, vedação plena e feitas também para até 120° C. Normalmente são direcionais, ou seja, o material que está dentro do rolamento pode sair (sentido do lábio) com alguma dificuldade, mas, entrar não (o lábio impede aumentando a pressão / atrito no anel).

Bom, e daí?

Para a vedação do rolamento servir para alguma coisa, vedando o óleo pulverizado perto do respiro, ela deveria ser do tipo RS1 ou RD. E para garantir uma boa lubrificação do rolamento pelo óleo lubrificante pulverizado, ela deveria ficar em só um dos lados do rolamento e o lado deveria ser o de fora, próximo ao retentor Yamaha. Porém, temos os seguintes problemas:
- Temperatura no local (não é a do óleo e sim do óleo e gases de dentro do motor, acredito ser superior aos 120° C) – isto vai / pode danificar esta vedação com o tempo e fará com que não sirva para nada.
- sentido de vedação do lábio é errado, sobre pressão deixa sair (de dentro do rolamento para fora). Seria muito pouco mas, como o retentor “Yamaha” deve estar no sentido oposto, existira uma câmera entre as duas vedações que deve acumular alguma pressão. Esta pressão pode forçar o lábio de vedação contra o eixo, aumentando o atrito, gerando mais calor e danificando o lábio mais rapidamente. E pode ser o lábio do retentor “Yamaha”. Ou seja, isto também vai / pode danificar esta vedação com o tempo e fará com que não sirva para nada.

Se optarmos pela vedação tipo RZ, está é pouco eficiente quanto a “vedação”, principalmente se pensarmos que no local o que passa é gotículas de óleo e também tem temperatura limite de 120°C.

Em ambos os casos acima, se a vedação do rolamento vedar corretamente e se o separador centrifugo estiver funcionando bem (interno do eixo balanceiro), o retentor “Yamaha” ficará seco, ou seja, sem lubrificação. Isto irá danificá-lo e toda a vedação terá que ser feita pela vedação do rolamento ou, até que ela aguente...

Se optarmos pela tipo Z, a vedação para as gotículas é muito pequena. A única vantagem é que, como as outras, servirá como mais uma barreira física, como uma “chicane” diminuído a quantidade de óleo que vai até o retentor “Yamaha”. Mas lembrar que, a mesma dificuldade que o óleo terá para “ir”, ele também terá para “retornar”.

Resumindo:
O correto é ter um retentor “Yamaha” em bom estado, original ou de boa marca (nada de paralelos “baratinhos”). O eixo no local onde o retentor veda deve estar em perfeito estado, sem sulcos e riscos. A montagem deve ser feita com muito cuidado para não danificá-lo. Alias, aplicar óleo no eixo e no lábio do retentor, antes do processo de montagem porque os primeiros giros do motor não há nada de óleo no local e o atrito pode danificar o lábio logo de cara.

Eu, como sou teimoso, na minha vou colocar uma blindagem, só do lado do retentor “Yamaha”, do tipo “Z”. Ela não segura grande coisa mas, se o retentor danificar com o uso, ela vai atrapalhar o fluxo de gotículas e deve diminuir (diminuir, não acabar) a quantidade de óleo que vai para a caixa do filtro. 

Mas, não acaba por aí... Além deste ponto crítico de vedação, temos os casos das duas árvores (eixos) do câmbio que necessitam de vedação para permitir o perfeito funcionamento do circuito de lubrificação (retorno). Os rolamentos utilizados nestas árvores, na carcaça esquerda, devem ter vedações em um de seus lados, o lado mais para a esquerda. E, como o explicado acima, deve ser uma vedação de contato, de baixo atrito, direcional (não permite o fluxo de "óleo" vir da carcaça e entrar no rolamento) e suportar temperaturas razoavelmente alta. O tipo de vedação, então, para estes dois rolamentos, deve ser RS1 ou RD (depende do fabricante do rolamento).

Com isto, o óleo que é bombeado pelo circuito de retorno da bomba de óleo, acessará as árvores do câmbio e embreagem sem vazar (atravessar) estes rolamentos. Estes rolamentos continuarão a ser lubrificados pela névoa a ser formada dentro do cárter, já que o seus "outro lado" não terão estas vedações.

Sem estas vedações, o circuito de retorno simplesmente não funciona. A bomba de óleo não tem capacidade (vazão) para bombear para o cárter externo e o circuito de pressão ficará sem óleo, podendo "fundir" o motor... muito cuidado!

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